quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Papa critica miséria material, moral e espiritual em mensagem pela Quaresma"

A miséria não é a mesma coisa que a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança", explicou         
France Presse
Publicação: 04/02/2014 15:52 Atualização:
'Imitando nosso mestre, nós, cristãos, somos chamados a prestar atenção à miséria de nossos irmãos, a tocá-las, a nos responsabilizarmos por elas', disse (Tony Gentile/ REUTERS)
"Imitando nosso mestre, nós, cristãos, somos chamados a prestar atenção à miséria de nossos irmãos, a tocá-las, a nos responsabilizarmos por elas", disse

Vaticano - O papa Francisco pediu aos católicos que se comprometam a aliviar as várias misérias que afligem o homem contemporâneo, da material à moral e espiritual, em sua primeira mensagem pela Quaresma divulgada nesta terça-feira (4/2) pelo Vaticano.

"Imitando nosso mestre, nós, cristãos, somos chamados a prestar atenção à miséria de nossos irmãos, a tocá-las, a nos responsabilizarmos por elas, e a realizar ações concretas para aliviá-las", escreveu o Papa.

"A miséria não é a mesma coisa que a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos separar três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual", explicou.
A Quaresma, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e termina na véspera da Quinta-Feira Santa, dura 40 dias, e simboliza o esforço vivido por Jesus no deserto, e, segundo a tradição cristã, deve servir para o jejum e a penitência.

Com o título "Se fez pobre para enriquecer-nos com sua pobreza" - uma citação de uma carta de São Paulo, em que o apóstolo prega a solidariedade - a mensagem papal propõe a reflexão sobre a pobreza no mundo de hoje. O Papa latino-americano tem denunciado as injustiças sociais desde que foi eleito, em março passado.

Francisco convida a Igreja e os católicos a ajudarem aqueles que "vivem em uma condição que não é digna da pessoa humana: privados de seus direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade, como comida, água, condições higiênicas, trabalho, possibilidade de desenvolvimento e de crescimento cultural", afirmou.

"Frente a esta miséria, a Igreja oferece seu serviço para responder as necessidades e curar as feridas que desfiguram o rosto da Humanidade", indica o texto.

"Dessa forma, nossos esforços se orientam em encontrar uma maneira de encerrar as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos que, em tantos casos, são a origem da miséria", acrescentou.
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"Quando o poder, o luxo e o dinheiro se transformam em ídolos, tornam-se mais importante que uma distribuição justa das riquezas. Por isso, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e ao compartilhamento", indicou Francisco.

Para o pontífice, "não é menos preocupante a miséria moral, que consiste em tornar-se escravo do vício e do pecado". "Quantas famílias vivem angustiadas por algum integrante dependente de álcool, drogas, jogo ou pornografia!", exclamou.

"Quantas pessoas perderam o sentido da vida, estão sem perspectivas de futuro e perderam a esperança! E quantas pessoas se veem obrigadas e viver nesta miséria por condições sociais injustas, por falta de um trabalho, que as priva da dignidade de levar o pão para casa, por falta de igualdade em relação aos direitos de saúde e educação", enfatizou.

"Nesses casos a miséria moral quase poderia ser chamada de suicídio incipiente", assegurou. A mensagem foi apresentada pelo cardeal guineano Robert Sarah, presidente do Pontifício Conselho Cor Unum, orgão da Igreja encarregado de obras de caridade.

Para o cardeal, o papa quis falar das "misérias que não são vistas", porque "o grande erro da cultura moderna é imaginar que o homem pode ser feliz sem Deus", explicou.

"Se considerarmos que não precisamos de Deus, nem que Cristo nos estende a mão, porque pensamos que nos basta a nós mesmos, nos encaminhamos para um caminho de fracasso. Deus é o único que verdadeiramente salva e liberta", explica o papa Francisco em sua mensagem aos católicos.

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